Diário de viagem: Vitrola Sintética no Grammy Latino
Em novembro, o Vitrola Sintética viajou aos Estados Unidos para participar do Grammy Latino, que acontece anualmente em Las Vegas. A travessia tinha diversos elementos de celebração. O primeiro era ser indicado na categoria “Melhor Canção Alternativa”, uma das mais prestigiadas pela academia e cuja importância para o Vitrola se dava, também, pelo fato de ser ele o único representante brasileiro naquela categoria. Depois, vinha a surpresa – e a alegria – de ver o grupo ser indicado pela segunda vez consecutiva, logo após concorrer, em 2015, nas categorias Melhor Artista Novo e Melhor Engenharia de Gravação – ambas, assim como a “Canção Alternativa”, chamadas de ‘categorias gerais’, em que concorrem artistas de todos os países da América Latina, e não só do Brasil.
Se parte da primeira aventura da banda pelas terras de Obama foi registrada pelo documentarista Felipe Ludovice, em filme a ser lançado este ano, a segunda ganhou um diário de viagem escrito por Eduardo Lemos, sócio da Navegar, que acompanhou Felipe Antunes, Rodrigo Fuji e Otávio Carvalho durante a viagem. O texto foi publicado com exclusividade pela revista Rolling Stone e traz um olhar íntimo sobre o dia a dia da banda, as relações deles com o luxuoso mundo da premiação e a percepção de um Estados Unidos abatido pela vitória de Donald Trump.
Leia um trecho e confira o texto completo abaixo:
O começo de qualquer viagem. Aquela primeira energia externa que a jornada assopra na nossa vida comum e que comunica que a partir dali iniciou-se uma nova ordem, que as coisas podem não ser como sempre são – ao menos temporariamente. Nós recebemos essa primeira energia de uma maneira curiosa e, como manda o figurino, inesperada. Estávamos os quatro no aeroporto de Guarulhos – Felipe Antunes, Otavio Carvalho, Rodrigo Fuji e Eduardo Lemos –, naquelas máquinas que automatizam o processo de check-in. Nosso voo sairia em duas horas para Chicago, onde faríamos uma escala de 12 horas, para depois seguirmos viagem para Las Vegas, onde todo ano acontece a premiação do Grammy Latino, no qual estávamos indicados na categoria Melhor Canção Alternativa. Mas, por alguma razão, a máquina que o Rodrigo usava parou de funcionar e ele resolveu pedir ajuda. O funcionário, chamado Antonio, logo resolveu a encrenca. E era pra ter sido só isso, se ele não tivesse observado a nossa longa escala em Chicago.
– Vocês não querem que eu veja se tem uma opção com menos tempo de espera? O aeroporto de Chicago fica longe da cidade e não tem lugar para guardar malas.
Surpresos com a possibilidade, aceitamos a sugestão. Ele voltou minutos depois com a informação.
– Consegui um voo para Nova York. Quatro horas de escala apenas. Melhor para vocês, não?
Sim, era melhor, sem dúvida, mas…. Uau, Nova York! Só o Felipe conhecia a cidade e sempre falava maravilhas de lá. Todos nós pensamos a mesma coisa: E se a gente passasse 12 horas em Nova York? Alguém superou o medo de abusar da boa vontade do Antonio e lhe fez uma contraproposta.
– E se a gente fizesse uma escala longa em Nova York?
Antonio gostou da ideia.
– Vou verificar. O aeroporto de NY não é longe da cidade e lá tem lugar para vocês guardarem as malas. Um minuto.
E foi assim, graças ao Antonio, que minutos depois a gente estava correndo alucinadamente pelos corredores do aeroporto de Guarulhos para pegar a tempo um voo para Nova York, que sairia uma hora mais cedo do que o de Chicago.
Continue lendo aqui.